A Gruta do Riacho Subterrâneo, de Itu, no interior de São Paulo, entra para o RankBrasil como a maior caverna em granito do país. Até agora, foram mapeados 1.249 m de projeção horizontal e 1.415 m de desenvolvimento linear. Batizada pelos frequentadores do camping, o lugar ganhou este nome por conta de um rio encontrado no interior da gruta.A área localizada no Camping Casarão é considerada pelo GPME (Grupo Pierre Martin de Espeleologia), a maior do Hemisfério Sul. Posiciona-se também entre as seis maiores em granito do mundo.
Cavernas em granito são menores e menos frequentes que no calcário. A grande dimensão é o que torna a gigante de Itu tão especial. Anteriormente, o tamanho máximo registrado em cavidades deste tipo, foi 350 metros na Gruta do Quarto Patamar, em Santo André (SP), que agora figura a segunda posição no Brasil.Após dois anos e meio de mapeamento, os trabalhos na Gruta do Riacho Subterrâneo ainda não terminaram. Para Ericson Cernawsky Igual, sócio fundador do GPME, estima-se, que ela seja maior. “Existe uma estimativa mínima de 1.800 m, mas ainda não terminamos de documentar a região, pode chegar a 2 km”.
Exploração
Em 1º de Maio de 2009, foi realizado o primeiro reconhecimento no local. Integrantes do grupo receberam informações de um usuário do camping que conhecia a caverna. Eles seguiram em direção a região com o objetivo de documentar, supostamente, uma pequena cavidade explica Ericson. “Chegamos com a ideia de mapear, mas quando olhei; vi que não daria tempo de fazer no dia. Na ocasião, caminhei 400 metros mais ou menos e já avisei que teríamos que voltar. Marcamos outro final de semana”, lembra.Além do tamanho, outros aspectos chamam atenção nesta gruta. Existe uma enorme variedade de espeleotemas¹, também fragmentos de cerâmica que podem ser de origem cabocla ou indígena. Pode-se encontrar ainda uma grande diversidade de fauna. Um trabalho de campo coordenado pela professora e doutora Maria Elina Bichuette já identificou cerca de 98 espécies.
Descoberta dentro de uma propriedade privada, a área não é aberta à visitação. De acordo com o explorador, os rochedos são ásperos, é difícil caminhar no interior da caverna e o trabalho de documentação é demorado. Essas características, tornariam um passeio turístico muito difícil. Além disso, os custos de estudos para visitação turística são elevadíssimos. No entanto, há uma ideia de criar um acervo com fotos e informações sobre o local.
Incentivo à pesquisa
O Grupo Pierre Martin de Espeleologia promove o levantamento, mapeamento e documentação de cavidades naturais subterrâneas desde 1987. Ericson participa de explorações desde 1985. Segundo ele, o que torna este trabalho em específico mais satisfatório é o apoio recebido pelo dono da propriedade.“O senhor Marcus sempre foi muito atencioso e incentivou nossa pesquisa desde o começo. Quando chegamos no camping, temos um lugar para ficar, livre acesso pelas dependências, não gastamos com refeição e temos tudo que for necessário para trabalhar”.O explorador lembra que é muito incomum uma entidade sem fins lucrativos receber um apoio como esse. “Sempre fazemos trabalho voluntário. Certa ocasião, mapeamos 5 km de uma gruta onde foram necessários pelo menos 22 visitas ao local; que era longe e de difícil acesso. Gastamos cerca de 65 mil reais, com combustível, pessoal, entre outros custos. Esta postura do seu Marcus, dificilmente vamos ver em outro lugar”.
Marcus Lerner é dono da propriedade e tem um cuidado muito especial com o local. Mantém toda a área de vegetação ao redor da caverna preservada e proíbe o trânsito de pessoas para cultivar o espaço. Ele incentiva os pesquisadores à realizar os trabalhos no interior da gruta que cuida com muito carinho.
1. Espeleotema: É o nome genérico de todas as formações rochosas que ocorrem tipicamente no interior de cavernas como resultado da sedimentação e cristalização de minerais dissolvidos na água.
Redação: RankBrasil
Algumas citações na mídia:
News Rondônia
BBC News