Maior oficina de poesia para deficientes visuais

Realizado em 2008, projeto conquista recorde para Biblioteca Braille Dorina Nowill de Taguatinga (DF)

07/11/2014
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Maior oficina de poesia para deficientes visuais
Realizado em 2008, projeto ‘220 dias de poesias na Biblioteca Braille’ conquista recorde nacional / Foto: Acervo recordista
A Biblioteca Braille Dorina Nowill, de Taguatinga (DF), entra para o RankBrasil em 2014 com a Maior oficina de poesia para deficientes visuais do país. Realizado no ano de 2008, o projeto ‘220 dias de poesias na Biblioteca Braille’ conquistou o recorde nacional.

Cerca de 450 pessoas, entre deficientes visuais e acompanhantes, participaram da atividade que incluiu rodas de leitura e produção de poesias.

Segundo Dinorá Couto Cançado, o título é uma emoção muito grande. “Essa palavra ‘recorde’ mexe com a gente. Nunca pensei que nós chegaríamos a esta conquista. Ainda mais assim, com um trabalho solidário e voluntário, pois não pensamos em números, mas em fazer os outros felizes. Fico imensamente satisfeita e acredito que isso vai abrir caminho para que os próprios cegos tenham mais persistência nas suas ações, em todos os sentidos da vida”.

Os funcionários e voluntários criam projetos de integração com o público para motivar a visitação e a mudança no cotidiano dos deficientes visuais. O ‘Luz & Autor em Braille’ utiliza a leitura como fator de inclusão social, ou seja, os visitantes além de ler, escrevem seus próprios materiais utilizando a linguagem Braille. Este trabalho foi iniciado com a fundação da biblioteca, em 1995.

Outro projeto do espaço, o ‘Ledor interativo’ possibilita aos deficientes visuais, que ainda não têm habilidade com a linguagem escrita em relevo, a possibilidade de ouvir os conteúdos. Para isso, videntes leem os textos. Até apostilas de preparação para concursos públicos são lidas em voz alta e gravadas.

Desafio
A cegueira pode ser diagnosticada logo após o nascimento, mas também acontecer aos poucos causada por doenças. Junto com a perda de visão, outras dificuldades se apresentam na vida dos deficientes visuais como baixa autoestima e depressão.

São nessas condições que muitas pessoas chegam até a Biblioteca Braille Dorina Nowill, de Taguatinga (DF). No entanto, disponibilizar materiais e pessoas não é o único desafio.

De acordo com Dinorá Couto Cançado, educadora voluntária e fundadora, fazer o resgate do indivíduo mostrando que é possível conviver com a cegueira, trabalhar e até constituir família é um papel fundamental. “Quando começam aqui, eles estão perdendo a visão, sem emprego e enfrentando dificuldades na adaptação. Nossa missão é recuperar vidas. Tivemos casos que achavam que a vida tinha acabado de vez e, ao frequentar este ambiente, adquiriram a vontade de viver novamente”.

Nivaldo Alves dos Santos, de 62 anos, voluntário na biblioteca é deficiente visual e alfabetizador Braille. Ele ministra aulas no local todos os dias, além de cursar faculdade de psicologia. Mas a rotina dele nem sempre foi assim.

Após ficar cego, passou mais de 20 anos fechado em casa e só depois que conheceu o ambiente aprendeu Braille, começou a ensinar, e recuperou o ânimo. “A biblioteca foi me conquistando e me fez ver o outro lado da vida que para mim, não existia mais. Aprendi muito e hoje tenho oportunidade de passar um pouco disso aos demais”, explica.

Acervo
A biblioteca conta com um acervo de 2.562 livros, 608 em linguagem Braille e 862 audiobooks possui ainda um Ponto de Leitura com 650 títulos, que são lidos, gravados ou transcritos para o sistema de escrita em relevo.

Para atender as necessidade dos deficientes, um telecentro com nove computadores adaptados também está à disposição. Atualmente, 11 funcionários trabalham no local, além de nove voluntários fixos.

Prêmio Brasil Criativo
A Biblioteca Braille Dorina Nowill concorreu neste ano ao Prêmio Brasil Criativo – premiação oficial da Economia Criativa brasileira, vencendo a categoria Publicações e Mídias Impressas com o projeto ‘Luz & Autor em Braille’.

Redação: RankBrasil

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