O escritor e coordenador de marketing de São Paulo (SP), Lucas Menezes (Dybaile), entra para o RankBrasil em 2020 pelo recorde de Maior número de referências musicais em um poema. Publicada e registrada oficialmente em 31 de agosto de 2017, a obra ‘Meio bossa nova e rock´n´roll’ traz 25 referências nacionais e internacionais em apenas oito estrofes.
De acordo com o recordista, colher inspirações em diferentes fontes para sintetizar a sua arte é mais do que eclético, é poético. “O principal papel da poesia é despertar o interesse, a curiosidade, o amor. Quem nunca teve vontade de se apaixonar ouvindo Cazuza? Quem nunca ficou revoltado com o governo ouvindo Rap? Quem nunca foi buscar uma referência antiga do samba ouvindo Marcelo D2? É esse amor, esse interesse e essa curiosidade que só a poesia é capaz de proporcionar”, destaca.
Ele afirma que quando, por exemplo, alguém ouve ‘Cazuza – Faz Parte do meu Show’, a pessoa se instiga com a letra e com aquele devaneio todo da música, que inspira. “Esse poema veio como um desenredo, como se a história daquela música tivesse uma continuação, um destrinchamento independente”.
Segundo o escritor, ao descobrir que tudo o que se coloca em forma de arte inspira as pessoas, escolher as referências – sabendo que são referências que vão inspirar alguém ao procurar por elas – foi a parte mais difícil do seu poema, citando inclusive uma passagem do rapper, cantor e compositor Emicida, na sua fala: ‘No fim das contas, fazer rima é a parte mais fácil’.
Dybaile explica também que, pela levada do poema, não pôde incluir todas as referências que gostaria. “Inclusive uma ou outra que coloquei nos versos nem sou tão ouvinte assim. Se não, botava Cartola, Beth Carvalho, Almir Guineto... Mas, se alguém pesquisar sobre João Nogueira e Cazuza depois de ler a poesia, eu já fico realizado! Missão cumprida”.
O autor acredita que o recorde junto ao RankBrasil é algo necessário para a cultura poética brasileira. Ele diz que ‘Meio bossa nova e rock’n’roll’ é uma contradição por si só: “Bossa é paixão, rock é revolta. É reflexo dessa antítese brasileira de amor e cólera, encontros e desencontros”.Conforme o poeta, essa conquista significa um despertar nas pessoas. “Ser recordista não quer dizer que me acomodei em um palanque. Significa que essa notícia deve chegar a algum moleque que gosta de escrever e vai querer começar a fazer poesia que nem eu, incluir referências, aumentar o repertório, expor a sua arte”, acredita. “Como eu sempre digo: referências são cortesia. Prende o poeta, mas não prende a poesia”, completa.
Poemas em formatos curiosos
Aos 23 anos de idade, o paulistano já compôs outros poemas em formatos curiosos que viralizaram nas redes sociais. Um deles foi falando sobre a diferença entre história e literatura. “Uma conta o que aconteceu e a outra o que poderia ter acontecido”.
A obra traz como tema a morte da menina Ágatha em 2019. “Ao ler apenas as palavras destacadas na notícia, o leitor se deparava com uma poesia feliz, a qual ela ainda estava viva, passando no vestibular de medicina e dando orgulho para a sua família e toda a comunidade. Uma literatura que poderia ter sido história – se as coisas fossem diferentes no nosso país”.
De acordo com o recordista, outra obra com formato peculiar leva o nome de ‘Romance Analfabeto’ – uma poesia em que as letras soltas do nosso alfabeto fazem parte dos versos e rimas e são fundamentais para a trama.